Ao menos duas explosões deixaram várias vítimas no aeroporto internacional de Cabul, capital do Afeganistão, nesta quinta-feira (26). A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) confirmou que foi um atentado terrorista e o Talibã condenou o ataque.
O Pentágono fala em “ataque complexo”, confirma pelo menos duas explosões e diz que há militares americanos entre os mortos. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia divulgou uma contagem preliminar de vítimas: 13 mortos e 15 feridos.
Segundo o jornal “The Washington Post”, o embaixador dos EUA em Cabul teria dito a seus colaboradores que quatro fuzileiros navais americanos foram mortos durante a explosão e que três ficaram feridos. O número pode ainda ser maior, segundo a agência de notícias Reuters, que reporta ao menos dez militares mortos, citando fontes do exército americano.
Imagens feitas por jornalistas afegãos mostram dezenas de corpos enfileirados e cobertos próximos ao local da explosão. Segundo a emissora britânica BBC e o “Post”, que citam fontes do governo afegão, ao menos 60 civis morreram após o ataque.
O aeroporto internacional Hamid Karzai é a única porta de saída do país para milhares de estrangeiros e afegãos que tentam, desesperados, embarcar nos voos de retirada organizados pelos países ocidentais (veja mais abaixo).
“Podemos confirmar que a explosão no portão da Abadia foi o resultado de um ataque complexo que resultou em várias vítimas americanas e civis”, afirmou o porta-voz do Pentágono, John Kirby. “Podemos confirmar pelo menos uma outra explosão no hotel Baron ou próximo a ele, a uma curta distância do portão da Abadia”.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que “condena veementemente o horrível ataque terrorista fora do aeroporto de Cabul”. “Nossa prioridade continua sendo evacuar o máximo de pessoas para um local seguro o mais rápido possível”.
Duas fontes do governo americano disseram à agência de notícias Reuters que ao menos uma das explosões parece ter sido um ataque suicida causado por uma bomba.
Uma autoridade dos EUA disse à agência Associated Press que “definitivamente acredita” que o ataque foi executado pelo Estado Islâmico, grupo terrorista que é mais radical do que o Talibã e que criticou o acordo de paz responsável pela retirada estrangeira do Afeganistão (veja mais abaixo).
O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, afirmou que “o Emirado Islâmico condena veementemente o bombardeio de civis no aeroporto de Cabul, ocorrido em uma área onde as forças dos EUA são responsáveis pela segurança”.
Risco ‘iminente’ de atentado
O presidente dos EUA, Joe Biden, foi informado sobre ataque durante uma reunião com autoridades de segurança sobre a situação no Afeganistão, segundo a Reuters.
Mais cedo, EUA, Reino Unido e Austrália alertaram para o risco de um atentado “iminente” no local e pediram a seus cidadãos que abandonassem imediatamente a área do aeroporto devido a uma ameaça terrorista.
“As informações obtidas ao longo da semana são cada vez mais sérias e fazem referência a uma ameaça iminente e grave”, afirmou mais cedo o secretário de Estado britânico das Forças Armadas, James Heappey. “É uma ameaça muito séria, muito iminente”.
Única porta de saída
O aeroporto internacional Hamid Karzai é a única porta de saída do país para estrangeiros e afegãos. Quase 90 mil pessoas já foram retiradas desde que o Talibã retomou o poder, em 15 de agosto, mas uma multidão ainda se aglomera dentro e ao redor do local, inclusive em valas (veja no vídeo abaixo).
Segundo o jornal “The New York Times”, ao menos 250 mil afegãos que trabalharam para os EUA ainda não foram retirados do país — e o atual ritmo de evacuação não é suficiente para retirar todo mundo até terça-feira (31).
A data limite foi estipulada pelo presidente americano, Joe Biden, no começo de julho, que recusou os pedidos de aliados para adiar a saída definitiva do Afeganistão. O Talibã disse, reiteradas vezes, que não aceitaria a prorrogação do prazo.
A Alemanha anunciou nesta quinta, após as explosões no aeroporto de Cabul, que concluiu a evacuação de seus soldados e equipe diplomática do Afeganistão.
Ameaça do Estado Islâmico
Entre os motivos apontados por Biden para negar o pedido estava a “aguda” ameaça terrorista do braço regional do grupo terrorista Estado Islâmico, responsável por alguns dos ataques mais violentos no Afeganistão e no Paquistão nos últimos anos.
O grupo terrorista fez atentados em mesquitas, santuários, praças e até hospitais nos dois países, além de ataques contra muçulmanos de alas que considera hereges, como os xiitas.
“A cada dia, as operações suscitam um risco suplementar para nossas tropas”, disse o presidente americano, citando a probabilidade de um atentado do Estado Islâmico em Cabul. “O inimigo número 1 dos talibãs visa o aeroporto para atacar as forças americanas e aliadas, bem como civis inocentes”.
Embora o Estado Islâmico e o Talibã sejam sunitas radicais, os dois grupos extremistas são rivais.
O Estado Islâmico criticou o acordo de paz entre EUA e Talibã assinado em 2020, que estabeleceu as diretrizes para a retirada das tropas estrangeiras, e acusou os talibãs de abandonar a causa jihadista.
Fonte: G1
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