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A ciência e o fechamento de ruas para freiar o vírus

Já que tudo é justificado em nome da ciência, quanto de estudo científico foi aplicado para tomar a decisão de trancar ruas e acessos?
Não estou, aqui, julgando a eficácia da decisão, apenas acho que precisamos voltar a questionar algumas coisas.

As aglomerações nas orlas do fim de semana de 18 de julho foram vistas com pânico e preocupação por parte da população e dirigentes públicos. Mas, qual é a real avaliação científica diante do fato?
Houve uma decisão de comitês científicos, ou de gestores burocratas apenas para impor o decreto aos cidadãos? Os órgãos de segurança contabilizaram quantas pessoas estavam na orla e quanto isso representa em consequências à taxa de contaminação?

O que a ciência tem mostrado?

Nos testes promovidos pela prefeitura de Natal há cerca de 1 mês, quase 20% atestaram positivo para a Covid-19. Quase 12mil natalenses foram examinados em drive thrus na Arena das Dunas e no Ginásio Nélio Dias. Os infectados, idosos na maioria, estavam com poucos ou nenhum sintoma, alguns até mesmo já estavam com anticorpos desenvolvidos. Foram testadas pessoas acima de 60 anos e pessoas com comorbidades, a parte da população que estava predominantemente trancada em casa para se proteger do novo coronavírus.
O que a estatística concluiria sobre isso?

Recentemente, a OMS começou a rever a real taxa de parâmetro para a imunidade de rebanho contra a Covid-19. No início da pandemia, acreditava-se ser entre 60% e 70%. Ou seja, esse percentual da população deveria já ter sido contaminada, independente da gravidade da doença, pelo Corona, pra que houvesse uma barreira natural contra o contágio. Atualmente, observando esses 6 meses de pânico mundial, cientistas, especialistas e estudiosos em geral começam a discutir a probabilidade da imunidade de rebanho ser atingida quando cerca de 45% da população já tenha tido contato com o vírus. Alguns estudos falam até em 20%.

No fim das contas

Há pelo menos 15 dias temos taxa de transmissividade abaixo de 1, taxa de ocupação de leitos caindo a cada dia e centros médicos dedicados à Covid-19 com baixíssima procura, alguns até já desativados por isso. Paralelo a confirmação destes indicadores positivos, flexibilizamos o isolamento e as pessoas começaram a circular novamente. Ou seja, flexibilizamos e os números continuam caindo. Como a ciência vê isso?

As pessoas aglomerando na orla preocupa? Sim.
Mas, a real preocupação é quanto ao vírus se espalhar, ou quanto aos gestores usarem isso como justificativa pra fechar tudo de novo, causando dano econômico e social à população?

Na dúvida, não aglomere, mas, questione.

Cristiano Medeiros [Opinião]

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