O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou à sede da Polícia Federal por volta das 13h40 desta quarta-feira (12) para ser ouvido no inquérito que apura um suposto plano, denunciado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), para golpe de Estado. O depoimento começou pouco depois das 14h.
Esse será o quarto depoimento prestado por Bolsonaro à corporação desde que deixou o Planalto.
A corporação investiga o envolvimento de Bolsonaro em uma trama anunciada pelo senador, em fevereiro deste ano.
Do Val acusou o ex-presidente e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) de organizarem uma reunião, quando Jair Bolsonaro ainda era presidente, para propor ao senador a participação em um plano para golpe de Estado.
À época, o parlamentar disse ter participado de encontro com Bolsonaro e Silveira.
Marcos do Val afirmou que esperava tratar somente de acampamentos com intenções golpistas mobilizados em apoio ao então presidente.
Segundo o senador, foi discutida, porém, a sua participação em um plano que envolvia a tentativa de gravar uma conversa com Moraes a fim de obter provas que pudessem levar à anulação do resultado das eleições presidenciais de 2022.
Participação de Bolsonaro
Desde fevereiro, Do Val apresentou diversas versões a respeito do encontro.
Em um primeiro momento, ele indicou que Bolsonaro havia colocado o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) à disposição para a entrega de escutas. Pouco tempo depois, ele atribuiu a fala a Daniel Silveira.
O senador também disse que Jair Bolsonaro indicou concordar com a ideia. Em outro momento, retirou a informação. “Bolsonaro [só] ouviu tudo e ficou calado”, afirmou, acrescentando, porém, que ele não rejeitou as ideias de Silveira.
Ao ser ouvido pela PF no inquérito, em fevereiro, Marcos do Val declarou, porém, que o ex-presidente não teria mostrado contrariedade ao plano golpista.
À GloboNews em junho, o senador afirmou que apresentou somente uma versão sobre o encontro. Ele disse que a versão dada à PF é “verdadeira e com detalhes”.
A declaração ocorreu horas após ele ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal, que investiga obstrução de investigações sobre os atos golpistas do 8 de janeiro. Endereços ligados ao senador foram alvo de busca e apreensão em Brasília e no Espírito Santo.
Na entrevista, o parlamentar argumentou ainda que utilizou uma “estratégia de persuasão” nas versões apresentadas à imprensa na época.
Depoimentos de Bolsonaro
Desde que deixou o Planalto, Jair Bolsonaro já prestou depoimento à PF em, pelo menos, três ocasiões:
▶️ Joias sauditas
O ex-presidente foi ouvido no inquérito que apura a tentativa de liberação de joias doadas pelo regime saudita, avaliadas em R$ 5 milhões. O material entrou irregularmente no país e foi apreendido. No fim do mandato, uma equipe da presidência tentou reavê-lo junto à Receita, sem sucesso.
No depoimento, Bolsonaro alegou que ficou sabendo das joias sauditas um ano depois, mas não se lembra de quem o avisou.
▶️ Incitação aos atos golpistas
Em depoimento, Bolsonaro diz que compartilhou sem querer vídeo que questionava sistema eleitoral
Em depoimento, Bolsonaro diz que compartilhou sem querer vídeo que questionava sistema eleitoral
Bolsonaro também prestou depoimento no inquérito que apura os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele é suspeito de ter incitado os ataques.
Aos policiais, o ex-presidente disse que estava sob efeito de remédios quando publicou um vídeo com ataques infundados ao sistema eleitoral.
▶️ Fraude no certificado de vacinação
Bolsonaro foi ouvido no inquérito que apura fraude em cartões de vacina dele, da filha e de auxiliares.
O ex-presidente negou ter dado ordens para inserir dados falsos sobre vacina no sistema do Ministério da Saúde.
Fonte: g1