Fonte: Tribuna do Norte
Os motoristas que trafegavam pela avenida Salgado Filho e Hermes da Fonseca, no fim da manhã desta quarta-feira (3), observaram um congestionamento na via. No entanto, foi por uma boa causa. A menina Brunna Silveira Lopes, de 7 anos, foi levada do Hospital Rio Grande, na avenida Afonso Pena, até a Base Aérea, em Parnamirim, de onde segue em voo para Recife, onde aguardará para ser submetida a transplante de coração.
O caso de Brunninha, como é conhecida, chamou a atenção após postagem do médico Madson Vidal, criticando a burocracia para viabilizar a realização de transplante no Rio Grande do Norte. A partir daí, a sociedade e poder público se mobilizaram em busca de uma solução. Então, foi viabilizada uma vaga no Instituto de Medicina Integral Professor Figueira e o Governo do Rio Grande do Norte disponibilizou o transporte aéreo, que ficou agendado para esta quarta-feira.
Para viabilizar o transporte de maneira célere, batedores da Polícia Militar realizaram a escolta da UTI Móvel onde estava Brunninha, seguindo até a base aérea. O tráfego de veículos precisou ser temporariamente interrompido na Salgado Filho/Hermes da Fonseca para evitar que fosse necessária a parada em semáforos ou congestionamento.
O casoBrunna Silveira Lopes sofre com um problema congênito chamado “transposição das grandes artérias”, que acontece quando o paciente nasce com uma inversão das ligações da aorta e da artéria pulmonar com o coração. Essa patologia faz com que o sangue pobre em oxigênio não circule para os pulmões, caminho que teria convencionalmente antes de voltar, já “filtrado”, para o coração.
Natural de Serrinha, cidade do Agreste potiguar a 89 quilômetros de Natal, a jovem foi tratada tardiamente e só passou pelo primeiro procedimento cirúrgico para tratar da enfermidade aos três anos de idade (normalmente a cirurgia deveria ser realizada já nos primeiros dias de vida). Desde então, a família trazia a jovem periodicamente para a Amico, onde era acompanhada por profissionais especializados, porém a situação se agravou há pouco tempo. “O coração trabalha até não aguentar mais. Como o problema dela foi tratado tardiamente, as cirurgias foram paliativas. Nos últimos três meses, o quadro dela piorou e tivemos que intervir”, comenta.
Paciente do Sistema Único de Saúde, Brunninha foi submetida a outros dois procedimentos cirúrgicos nos últimos quinze dias que revelaram a necessidade do transplante. Sem forças, chegou a ser retirada do aparelho, mas seu coração não resistiu, sendo colocada de volta ao ECMO. Agora aguarda a concretização do transporte para o IMIP, onde seguirá aguardando um doador compatível para o transplante ser efetuado.