Uma cachorra foi levada à Prefeitura de Florianópolis para “assinar” um projeto de lei sobre a leishmaniose visceral, doença que atinge cães e humanos. Many, como é chamada, teve a pata carimbada no documento. A proposta prevê que tutores de baixa renda que optarem por tratar o animal recebem do município o medicamento necessário. A cerimônia de assinatura do projeto de lei ocorreu na manhã desta quarta-feira (10).
A doença é transmitida pelo mosquito-palha infectado. A leishmaniose não tem cura e o cão doente, mesmo em tratamento, continua sendo portador, informou a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive). Dessa forma, o mosquito, ao picá-lo, fica infectado e pode transmitir o protozoário causador da moléstia para outros cães e pessoas.
Em humanos, ainda segundo a Dive, a doença pode evoluir para a morte. Porém, não foram registrados óbitos de pessoas por leishmaniose visceral em Santa Catarina.
Florianópolis é a única cidade do estado a ter transmissão da doença dentro do próprio município. Foram registrados quatro casos, segundo a Dive: três em 2017 e um este ano.
Durante a solenidade, Many teve a pata carimbada no documento, que será enviado à Câmara de Vereadores. A Casa informou que o projeto não havia chegado para os parlamentares até 15h23 desta quarta. A proposta precisa ser votada em plenário.
A secretária-adjunta da Casa Civil de Florianópolis, Karoline Grando, confirmou que a “assinatura” da cachorra não tem valor jurídico. “Foi uma ideia bacana que encontramos para dar mais visibilidade ao tema e divulgar o projeto de lei”, disse.
O que diz o projeto
De acordo com o projeto de lei, é considerado tutor de baixa renda aquele que possuir renda familiar de até três salários-mínimos. Atualmente, esse valor seria de R$ 3.300.
Conforme a prefeitura, a atual política pública de saúde no Brasil prevê que a doença é uma ameaça também para humanos e, caso o tutor não faça o tratamento do animal, o cão deve ser eutanasiado.
Leishmaniose
A doença é causada pelo parasita Leishmania infantum. De acordo com a Dive, idosos, crianças e imunodeprimidos têm maior risco de desenvolver a forma grave da doença.
A Dive esclareceu que o animal que recebe tratamento não deixa de ser portador da doença. Por essa razão, deve usar uma coleira repelente para evitar ser picado pelo mosquito-palha e infectar o inseto transmissor. Além disso, deve manter acompanhamento veterinário a cada seis meses.
Fonte: G1