O Departamento de Estado dos Estados Unidos congelou quase toda a assistência estrangeira no mundo todo, com efeito imediato, dias após o presidente Donald Trump emitir uma ordem executiva abrangente na segunda-feira (20) para suspender tal ajuda por 90 dias.
O secretário de Estado Marco Rubio enviou um telegrama, visto pela CNN Internacional, a todos os postos diplomáticos dos EUA na sexta-feira (24) descrevendo a medida, que ameaça bilhões de dólares em financiamento do Departamento de Estado e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) para programas em todo o mundo.
A assistência estrangeira tem sido alvo da ira dos republicanos no Congresso e de autoridades do governo Trump, mas o financiamento representa muito pouco do orçamento geral dos EUA.
O escopo da ordem executiva e do telegrama subsequente levantou receios entre autoridades humanitárias e do Departamento de Estado.
O telegrama pede ordens imediatas de “parar o trabalho” na assistência estrangeira existente e pausa a nova ajuda. O documento é abrangente em alcance. Essencialmente, toda a assistência estrangeira parece ter sido alvo, a menos que especificamente isentada.
Isso significa que a ajuda global à saúde, assistência ao desenvolvimento, ajuda militar e até mesmo a distribuição de água limpa podem ser afetadas.
A mensagem fornece uma isenção apenas para assistência alimentar de emergência e financiamento militar estrangeiro para Israel e Egito.
O documento não menciona especificamente nenhum outro país que receba financiamento militar estrangeiro, como Ucrânia ou Taiwan, como sendo isento do congelamento.
No próximo mês, disse o telegrama, o governo desenvolverá padrões para uma revisão sobre se a assistência está “alinhada com a agenda de política externa do presidente Trump”.
“As decisões sobre continuar, modificar ou encerrar os programas serão tomadas após esta revisão”, afirma o telegrama, observando que tal revisão deve ser concluída em 85 dias.
Em uma declaração pública na quarta-feira (22), Rubio disse que “cada dólar que gastamos, cada programa que financiamos e cada política que buscamos deve ser justificado com a resposta a três perguntas simples: Isso torna a América mais segura? Isso torna a América mais forte? Isso torna a América mais próspera?”
O impacto do congelamento da assistência será imenso porque os EUA são consistentemente o maior doador humanitário do mundo.
A InterAction, uma aliança de organizações não governamentais internacionais, disse em uma declaração neste sábado (25) que o congelamento “interrompe o trabalho crítico de salvar vidas, incluindo água limpa para bebês, educação básica para crianças, o fim do tráfico de meninas e o fornecimento de medicamentos para crianças e outras pessoas que sofrem de doenças. Ele interrompe a assistência em países críticos para os interesses dos EUA, incluindo Taiwan, Síria e Paquistão.”
“O recente telegrama de paralisação do Departamento de Estado suspende programas que apoiam a liderança global dos Estados Unidos e cria vácuos perigosos que a China e nossos adversários preencherão rapidamente”, disse o comunicado.
Um funcionário humanitário disse que a pausa é incrivelmente perturbadora e disse que os detalhes do telegrama são “tão ruins quanto possível”.
Fonte: CNN Brasil