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Exportações navais estão suspensas temporariamente no Porto de Natal

Fonte: Tribuna do Norte
As apreensões de 3,2 toneladas de cocaína pela Polícia Federal e Receita Federal, em 48 horas entre 12 e 13 de fevereiro surtem efeitos negativos nas exportações que saem pelo Porto de Natal. A única empresa que transporta produtos do Rio Grande do Norte  para países da Europa, a francesa CMA CGM, suspendeu as operações pelo menos durante março. A informação foi confirmada pelo diretor do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex), Luiz Roberto Barcelos e pelo presidente Sindicato das empresas de Reciclagem, Roberto Serquiz.
O comunicado sobre a suspensão da operação em Natal ocorreu diretamente para as empresas exportadoras. O Porto de Natal afirma que não foi comunicado acerca da suspensão. Já a empresa CMA CGM disse que não iria se pronunciar. De acordo com Luiz Roberto Barcelos, que é proprietário da maior exportadora de melão do Brasil, a Agrícola Famosa, os dirigentes da CMA CGM informaram para as próprias empresas exportadoras que as últimas apreensões no Porto de Natal “estariam prejudicando a imagem deles”, além de parte da operação, uma vez que “se o navio não chega no dia, perde a janela”. A instalação de um scanner para contêineres é, ainda segundo Barcelos, uma das exigências da armadora. O equipamento pode custar R$ 11 milhões.
Com a suspensão das operações em Natal, que vai ocorrer “por tempo indeterminado”, segundo Barcelos, as empresas de fruticultura vão enviar os produtos para o Porto de Mucuripe, no Ceará, onde a também  CMA CGM atua. “Lamentamos que a fruticultura tenha sido usada para o tráfico internacional, não há produtores envolvidos nisso, mas lamentamos porque afeta o nosso setor. Com a saída da CMA CGM, o estado perde, os produtores gastam mais dinheiro, e tira a competitividade do estado. É ruim para todos”, explicou Barcelos.
Apesar do presidente do Coex afirmar que a suspensão acontecerá por “tempo indeterminado”, a Companhia Docas do Rio Grande do Norte espera receber um navio da empresa no dia 06 de abril, segundo comunicado oficial.
A perda de competitividade em exportação para o Rio Grande do Norte,  e prejuízos ao setores que utilizam o Porto de Natal como meio de saída de produtos para a Europa, são apontados pelos empresários como principais consequências da suspensão da operação da armadora francesa. A perda estimada pelo (Coex) é de R$ 100 mil por semana.  Em março seriam enviados 400 contêineres de fruta para a Europa. O valor gasto por contêiner é de R$ 1.800, e passaria a custar, indo para Fortaleza, R$ 2.100. A média enviada por semana, é  de 350 contêinres  de frutas no RN.
Em 2017, somente a Agrícola Famosa despachou 8.455 contêineres a partir do Porto de Natal para diversos países da Europa. Outros três estados – Bahia, Ceará e Pernambuco – também escoam frutas pelo terminal marítimo potiguar. Com isso, o Porto de Natal é reconhecido como o “Porto das Frutas do Brasil”.  O local ainda recebe frutas produzidas no Ceará e do Vale do São Francisco na Bahia e em Pernambuco – de onde vem uva e manga.
Por mês, as empresas de reciclagem exportam 1.500 toneladas em 60 contêineres de material ferroso e não ferroso, que antes de seguir para a América do Norte, seu destino final, passam pelo  Porto de Roterdã, na Holanda. Segundo Roberto Serquiz, a suspensão das atividades da CMA CGM em Natal causará um aumento em 30% no valor para levar o material para portos vizinhos. Serão 200 dólares a mais por contêiner, segundo Serquiz.
“Os associados me passaram mensagens de preocupação desde segunda-feira, porque eles receberam um comunicado de suspensão de todas as cargas que iriam para a Europa. O motivo seria a apreensão das drogas, e a empresa só voltaria a operar após  a instalação de um scanner. Isso onera o custo, porque teremos que jogar as cargas para o Pernambuco e Ceará, estamos falando de material reciclado, que vai para América do Norte, mas passa pelo Porto de Roterdã.
Segundo Roberto Serquiz,  o Sindicato das empresas de Reciclagem  estão tentando achar um ponto de “equilíbrio” junto ao Porto de Natal.  “Houve um problema grave, mas queremos um plano de transição enquanto o equipamento chega. Perdemos contratos e competitividade com a saída da CMA CGM. Estamos buscando um posicionamento do  Porto sobre isso”,  disse Serquiz.
 

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