O mais recente Boletim InfoGripe, da Fiocruz, sugere possível reversão na tendência de queda no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil. Desde o início da pandemia, a maioria dos pacientes com esse diagnóstico teve a confirmação para covid-19. Conforme os dados divulgados nesta quarta-feira, 4, apesar de os indicadores apontarem para recuo no longo prazo, nas últimas três semanas os dados indicam “sinal moderado de crescimento”. O avanço da vacinação tem esvaziado UTIs pelo País, mas especialistas alertam para os riscos do avanço da variante Delta, mais transmissível, e de flexibilizações da quarentena.
O InfoGripe trabalha com projeções com base em dados de SRAG no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. A última análise apontou que em praticamente todo o País o total de óbitos por SRAG está caindo. Mas Acre, Mato Grosso do Sul e Pará apresentam sinal de crescimento para as próximas seis semanas.
Os pesquisadores apontam que, embora São Paulo “também apresente sinal moderado de crescimento na tendência de curto prazo”, o Estado vem registrando queda nas últimas seis semanas. Em 11 estados, os números apontam para estabilidade: Amazonas, Amapá, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio e Rondônia.
Quando são consideradas apenas as capitais, chamam a atenção os casos de Porto Alegre e Rio Branco, cujos indicadores apresentam sinal de forte de crescimento da tendência de longo prazo, e sinal moderado na tendência de curto prazo.
Aumenta a proporção de idosos internados, mas tendência era esperada
A análise dos números também aponta para um aumento no número de internação de idosos. Mas isso, de certa forma, já era esperado. Segundo Raphael Guimarães, pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz, o aumento registrado é em números proporcionais, não absolutos.
“Já temos esse aumento efetivamente há duas, três semanas, mas esse cenário já era previsto, uma vez que a cobertura vacinal vai ficando mais uniforme”, pondera. O pesquisador lembra que, como o programa de imunização contra covid-19 priorizou os mais velhos, era esperado um período em que, proporcionalmente, houvesse mais jovens internados.
“Isso só ratifica que a idade é um fator de risco, independentemente da gravidade da covid. Foi extremamente acertado o Brasil ter priorizado a vacinação dos idosos”, disse o pesquisador.
Fonte: Estadão