Começou na tarde desta quarta-feira, 6, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN), mais uma sessão ordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Carlos Gabas, secretário do Consórcio Nordeste, um dos depoentes do dia permaneceu em silêncio conforme garantiu uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) desta terça 5.
Segundo Kelps Lima (Solidariedade), presidente da CPI da Covid na ALRN, CPI Carlos Gabas teria dito que a Comissão tem sido marcada por “humilhação aos depoentes”. O parlamentar defendeu que a orientação é de que “tais humilhações sejam encaminhadas ao Ministério Público do Rio Grande do Norte” para análises.
O relator da CPI, Francisco do PT, fez um preâmbulo criticando o que chamou de “indignação seletiva” em relação às mortes causadas pela COVID-19. O petista disse que a revolta com as 7 mil mortes no RN não é a mesma com as quase 600 mil do Brasil.
Após responder primeira pergunta, Gabas optou por permanecer em silêncio. Provocado por Francisco do PT, Gabas disse que iria exercer o direito de ficar calado em todos os questionamentos durante a sessão.
Com a decisão, o deputado Kelps argumentou que como Gabas não iria responder, não seria justo com o povo do RN, já que houve preparo e investimento para a sessão. Segundo o presidente da CPI, já que o depoente resolveu permanecer em silêncio, seria liberado para que não houvesse nenhum abuso de autoridade ou comportamento que relacionado à humilhação.
Kelps voltou a recomendar que vídeos que comprovem que há casos de humilhação sejam encaminhados ao MPRN. Todos os deputados da mesa concordaram com a medida.
Após a saída de Gabas da sessão, a reportagem do Agora RN apurou que ele se dirigiu ao gabinete da deputada Isolda Dantas (PT). Na porta, dois seguranças monitoravam o corredor. À reportagem, ele disse que nem ele ou o advogado iriam se pronunciar. Minutos depois, ele foi visto saindo do gabinete do deputado Francisco do PT e deixou o prédio da ALRN.
Não compareceu
Outro depoente Carlos Kerbes, acusado de ter sido beneficiado com R$ 400 mil do suposto desvio de verbas do Consórcio Nordeste na compra de respiradores durante a pandemia da Covid-19, não compareceu. Ele chegou a pedir adiamento, teve passagem e diária pagos pela ALRN mas não esteve presente na sessão.
“O povo do rio-grandense do Norte terá que pagar uma multa para adiar a data do voo do empresário, apesar dele ter sido avisado com antecedência”, manifestou Kelps.
A sessão também conta com a presença dos deputados estaduais George Soares (PL), Subtenente Eliabe (Solidariedade), Tomba Farias (PSDB), Isolda Dantas (PT) e Getúlio Rêgo (DEM) e os senadores Styvenson Valentim (Podemos) e Senador Eduardo Girão (Podemos/CE).
Elogios ao RN e críticas ao Consórcio Nordeste
O Senador Eduardo Girão, do Ceará, titular da CPI da Covid no Senado Federal, foi um dos que acompanhou a sessão ordinária na ALRN. Ele elogiou a convocação de Carlos Gabas em âmbito estadual e aproveitou para fazer críticas à atuação da Comissão na esfera Federal. “Ela tem boicotado a convocação que vocês conseguiram fazer aqui, do Carlos Gabas. Toda vez que se toca nesse assunto é um silêncio lá dentro. A gente tem documentos lá dentro que precisamos nos aprofundar.”
Segundo Girão, o RN ganha notoriedade com a investigação da CPI da Covid em âmbito estadual e fez duras críticas ao Consórcio Nordeste. “O Brasil hoje está olhando para o RN. População está compreendendo, acompanhando política, e achando tudo muito estranho com relação a esse escândalo chamado ‘calote da maconha’ do Consórcio Nordeste.”
Ele revelou que veio acompanhado pelo Senador Styvenson Valentim (Podemos), do RN, e disse que ambos estão mobilizados para abrir uma Comissão Parlamentar Mista de Inrquérito (CPMI) em relação ao Consórcio. “Esperamos de alguma forma colaborar para uma CPMI que nós conseguimos assinaturas. Precisávamos de 27 assinaturas e conseguimos 37. Vamos agora atrás dos deputados que já estão mobilizados para abrir uma CPMI exclusiva com em relação a este assunto”, adiantou.
O Senador Styvenson também fez duras críticas ao Consórcio Nordeste e questionou o retorno dado à população. “Pago com dinheiro público, eu digo especificamente do RN, aproximadamente R$ 1 milhão gasto anualmente para que retorno? O que a população vê de retorno do Consórcio Nordeste? Só se sabe que gasta dinheiro com isso. O único retorno que teve foi a compra infeliz de respiradores. Ninguém resolveu ainda se o dinheiro retornou se o equipamento chegou. Hoje a pandemia praticamente se exauriu e o prejuízo está aí. R$ 5 milhões aos cofres públicos”, comentou.
Fonte: Agora RN