O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu que houve casos de corrupção na Petrobras. Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, o candidato à Presidência criticou o modelo de investigação usado pela Operação Lava Jato para apurar as irregularidades na estatal.
Segundo o petista, os delatores da operação “ficaram ricos” por causa de suas confissões.
“Você não pode dizer que não houve corrupção, se as pessoas confessaram. O que é mais grave é que as pessoas confessaram e por conta de as pessoas confessarem, ficaram ricos por conta de confessar. Ou seja, foi uma espécie de uma delação premiada, você não só ganhava liberdade por falar o que queria ao Ministério Público, como ganhava metade do que você roubou. Ou seja, o roubo foi oficializado pelo Ministério Público, o que eu acho uma insanidade.”
O petista afirmou que a corrupção só veio à tona porque os governos petistas fomentaram os mecanismos de transparência. Lula citou a criação da Lei de Acesso à Informação e do Portal da Transparência como exemplos.
O candidato ainda disse que deu liberdade para a Polícia Federal investigar.
“[A corrupção] só aparece quando você permite que ela seja investigada. Foi no meu governo que a gente criou o Portal da Transparência, que a gente colocou a CGU como (inaudível) para fiscalizar, que a gente criou a Lei de Acesso à Informação, que a gente criou a Lei Anticorrupção. […] O Ministério Público era independente, e a Polícia Federal recebeu do meu governo mais liberdade do que em qualquer outro momento da história.”
Questionado sobre quem indicará para o comando da Procuradoria-Geral da República, Lula disse que quer deixar “uma pulguinha atrás da orelha”. O petista preferiu não se comprometer a respeitar a lista tríplice, dizendo apenas que respeitou a lista no passado.
“Eu quero que eles fiquem com uma pulguinha atrás da orelha. Eu não quero definir agora o que que eu vou fazer. Primeiro eu preciso ganhar as eleições. Esse negócio de a gente ficar prometendo fazer as coisas antes a gente comete um erro. […] Eu tenho três indicações. O Ministério Público, o Procurador Geral que estava julgando o Palocci. E eu mantive ele porque eu não quero amigo. Eu não quero amigo no Ministério Público, eu não quero amigo na Polícia Federal, eu quero pessoas competentes.”
Durante a entrevista, Lula também afirmou que Dilma Rousseff errou na Economia. Segundo o petista, a ex-presidente exagerou em desonerações fiscais.
“Eu acho que a Dilma cometeu equívocos na questão da gasolina, ela sabe que eu penso isso. Eu acho que cometeram equívoco na hora que fizeram R$ 540 bilhões de desonerações em isenção fiscal de 2011 a 2040. Quando ela tentou mudar tinha uma dupla dinâmica contra ela, Eduardo [Cunha] presidente da Câmara, e o Aécio [Neves] no Senado, que trabalharam o tempo inteiro para que ela não fizesse nenhuma mudança.”
Lula ainda comparou o escândalo do mensalão, que ocorreu durante seu governo, e ao das emendas de relator, popularmente conhecido como “orçamento secreto”, que surgiu durante o governo de Jair Bolsonaro.
“Você acha que o Mensalão que tanto se falou é mais grave do que o Orçamento Secreto?”, questionou o petista.
Segundo Lula, o atual presidente se tornou “refém do Congresso” e “não manda em nada”.
“[O orçamento secreto] não é moeda de troca, isso aqui é usurpação do poder. Acabou o presidencialismo, o Bolsonaro não manda em nada. O Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento, quem cuida do Orçamento é o [Arthur] Lira.”
O petista também afirmou que o agronegócio brasileiro é “fascista e direitista”. O candidato disse que os empresários estrangeiros que atuam no setor respeitam o meio ambiente.
“Veja, o agronegócio que é fascista e direitista pq os empresários sérios que trabalham no agronegócio, que tem comércio com o exterior, que exporta para Europa e China, esses não querem desmatar. Esses querem preservar os nossos rios, as nossas águas, a nossa fauna. Esses não, mas tem um monte que quer.”
Lula afirmou que a rejeição do agronegócio à sua candidatura se deve ao fato de que ela defende a Amazônia e a preservação ambiental.
“A questão da nossa política em defesa da Amazônia, a nossa política em defesa ao pantanal, a nossa política em defesa da mata Atlântica. A luta contra o desmatamento faz com que eles sejam contra nós.”
Fonte: CNN