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Lula diz que ‘não é obrigado a cumprir’ meta, mas que fará o necessário

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em evento no Palácio do Planalto - Foto: YouTube / Reprodução
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Foto: YouTube / Reprodução

O presidente Lula (PT) disse hoje que o governo não é obrigado a cumprir a meta fiscal, “se tiver coisa mais importante para fazer”, mas que fará “o necessário” para cumprir o arcabouço fiscal.

O que aconteceu

Lula reafirmou ter “responsabilidade fiscal”, mas seguiu no tom de que não deve cortar gastos sociais para cumpri-lo. O arcabouço fiscal, proposto pelo governo e aprovado pelo Congresso, estabelece uma meta de resultado primário zero para o próximo ano, com margem de tolerância de 0,25%.

Você não é obrigado a estabelecer uma meta e cumpri-la se tiver coisas mais importantes para fazer. Esse país é muito grande, esse país é muito poderoso. O que é pequeno é a cabeça dos dirigentes desse país e a cabeça de alguns especuladores.” disse Lula, sobre meta fiscal

Ele garantiu, no entanto, que a meta zero “não está rejeitada”. “Porque nós vamos fazer o necessário para cumprir o arcabouço fiscal”, afirmou. “Esse país terá previsibilidade. Ninguém será pego de surpresa com as coisas que queremos fazer, porque será feito ao meio-dia, não à meia-noite, e com todo o mundo assistindo.”

Lula nunca foi capaz de zerar a meta fiscal. Desde o ano passado, ele diz que ela “dificilmente será cumprida” e que não irá cortar investimentos para cumpri-la.

“Esse país não tem nenhum problema se é déficit zero, se é déficit 0,1%, se é déficit 0,2%”, argumentou Lula em entrevista à Record. “O que é importante é que esse país esteja crescendo, que a economia esteja crescendo, que o emprego esteja crescendo, que o salário esteja crescendo.”

Como tem feito, ele defendeu sua experiência à frente do país e usou as antigas gestões como argumento. “Seriedade fiscal eu tenho mais do que quem dá palpite nessa questão no Brasil”, afirmou Lula.

A fala vai ainda de encontro à defesa do equilíbrio fiscal que a equipe econômica tem promovido. No início do mês, a Fazenda e o Planejamento prometeram um corte de R$ 25,9 bilhões para o ano que vem e propuseram contingenciamento no relatório de despesas de julho. Antes, o recebimento de aumento de gastos por parte do mercado ajudava na instabilidade —Lula atribuía o crescimento à especulação .

A equipe não detalhou as propostas para este ano. Os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet apenas explicaram que uma proposta de bloqueio ou contingência será detalhada no relatório de despesas, a ser apresentado no próximo dia 22 de julho. Segundo eles, os detalhes já foram acertados, mas não foram expostos porque ainda precisamos ser apresentados aos ministérios.

O presidente disse que precisa ser atendido do montante. “Eu tenho uma divergência histórica e de conceito com o pessoal de mercado. Nem tudo o que eles tratam como gasto eu trato como gasto”, argumentou.

Impacto no dólar

As declarações de Lula sobre gastos vêm movimentando o mercado e impactando o dólar. Nas últimas semanas, o câmbio sofreu instabilidade por causa do mercado internacional e, por isso, por falas sobre corte de gastos e interferência do Banco Central.

O dólar começou o dia em queda de 0,34%, a R$ 5,426. Na segunda-feira (15), a moeda norte-americana fechou em alta no mundo todo após o atestado do candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump . No Brasil, a divisão subiu 0,26% em relação ao real, para R$ 5.445.

Lula vinha pequena o tom sobre gastos. Aconselhado por aliados, em especial pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), o presidente demonstrou que a repercussão não foi a ideal . Pessoas próximas pontuaram que ele tem razão nas críticas aos altos juros, por exemplo, mas que a forma belicosa, principalmente contra Roberto Campos Neto, causou ruídos e prejuízos.

Fonte: UOL

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