A proposta era simples e aparentemente vantajosa. Em troca de visualizações e likes em vídeos estrangeiros, uma plataforma digital pagaria rendimentos aos clientes que movimentassem o fluxo de curtidas, chegando a monetizar R$ 2 por cada clique. O esquema de pirâmide financeira virtual desenvolvido por um grupo de estelionatários fez, no entanto, centenas de vítimas em vários estados e no Distrito Federal, deixando rastro de prejuízo.
Diversas ocorrências registradas na Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC) envolvendo os golpistas revelaram como funcionava o programa de investimentos batizado de “Mercado Good”. A fim de garantir a filiação, o interessado precisava aderir a um plano, que variava de R$ 120, no modelo mais básico, a R$ 99 mil, com a promessa de vultosos retornos. Para cada tarefa cumprida, o cliente recebia uma quantia que poderia ser sacada por meio da plataforma.
A Máfia dos Likes mantinha uma dinâmica de tarefas – com duração de 12 meses – e seguia um protocolo no momento de inserir cada uma das pessoas captadas por meio de redes sociais e grupos de WhatsApp. Os pagamentos eram realizados via PIX. Após fazer o cadastro e quitar o plano, o cliente era inserido no grupo com outros integrantes. Todos os administradores usavam telefones com o DDD 11 (São Paulo).
Para passar impressão de credibilidade, a plataforma Mercado Good usava logomarcas idênticas às de grandes empresas de e-commerce, como Mercado Livre, Mercado Pago, além do YouTube. Organizado, o esquema criminoso estimulava as vítimas a reinvestir o dinheiro aplicado e aumentar as cifras com a promessa de maiores rendimentos apenas assistindo a vídeos e curtindo as publicações.
Atualmente, existem centenas de reclamações, vídeos no YouTube e relatos de pessoas enganadas pela pirâmide. Dezenas de ocorrências registradas na PCDF relatam sempre o mesmo modus operandi: milhares de reais ficaram retidos após os rendimentos com os likes serem cortados de repente. Logo depois, as vítimas eram bloqueadas e deletadas dos grupos mantidos no WhatsApp pelos criminosos.
Desesperadas, as vítimas do golpe procuram as autoridades para registrar ocorrência, mas a chance de recuperar o dinheiro aplicado é quase nula. Uma das pessoas que perdeu pouco mais de R$ 22 mil narrou ter chegado a convencer vários membros de sua família a embarcar na furada.
Semanas depois, quando o cliente tentou sacar os valores, o sistema constou como bloqueado. A vítima revelou que o esquema é sedutor e possibilitava que, caso um integrante indicasse novas pessoas e afiliados, o anfitrião seria remunerado. “Nesse ritmo, pessoas contratavam o plano de R$ 120, posteriormente R$ 720 e, depois, de R$ 5,1 mil. Era uma bola de neve que depois só crescia, deixando um prejuízo altíssimo para os membros”, relatou.
Com informações Metrópoles.