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Marinho procura Girão para unirem candidaturas contra Pacheco

candidato a presidência do Senado Rogério Marinho (PL-RN). Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O candidato a presidência do Senado Rogério Marinho (PL-RN) procurou Eduardo Girão (Podemos-CE) nesta terça-feira (31). Ele e seu grupo tentam tirar o senador cearense do páreo. Avaliam que teriam mais chances de vencer o atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), numa disputa com a oposição unida.

O movimento se dá depois de o governo federal, que apoia tacitamente Pacheco, entrar nas negociações. O grupo de senadores que apoiam Marinho disse que o movimento fez efeito e a vitória, que era dada como muito provável na segunda-feira (30) pela noite, está em aberto.

Também nesta terça, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, procurou os senadores do seu partido. Ao menos 2 estavam próximos a Marinho: Nelsinho Trad (MS) e Lucas Barreto (AP).

A conta é que Girão teria 4 votos. E que a sua candidatura era em oposição a Pacheco. Por isso, a tentativa de uni-lo a Marinho.

BATALHA DURA

Pacheco continua favorito na disputa contra Rogério Marinho. Sua dianteira, no entanto, vem sendo reduzida. No sábado (28), três partidos declararam apoio formal ao ex-ministro de Jair Bolsonaro: PP, PL e Republicanos.

Marinho diz não haver jogo ganho e afirma a aliados que os indecisos definirão a eleição. Com voto secreto, haverá traições de ambos os lados.

É eleito no Senado quem recebe a maioria absoluta dos votos (41 senadores). Se nenhum candidato alcançar esse número, os 2 mais votados vão para um 2º turno de votação. É o que pretende Marinho. Ele conta com os votos do 3º e menos competitivo candidato, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), para esticar a disputa. O feito seria inédito, já que todos os ex-presidentes levaram no 1º turno.

O atual presidente recebeu apoio de 6 partidos –seja formal ou tácito. É apoiado por PSD, MDB, PT, União Brasil, PSB e PDT. A Rede e o Cidadania, com 1 senador cada, também o apoiam. Mas os 2 filiados a essas siglas, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), decidiram trocar de legenda. Vão para o PT e o PSD, respectivamente.

Pacheco articulou mudanças que devem fazer com que o PSD, sua legenda, tenha a maior bancada. Marinho tem 3 siglas alinhadas à sua candidatura: PL, Progressistas e Republicanos. Podemos e PSDB são vistos como bancadas indefinidas.

No sábado (28.jan), ao lançar sua candidatura, Marinho acenou aos partidos de centro. Disse que, se for eleito em 1º de fevereiro, assinará a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os ataques do 8 de Janeiro. Ele criticou o atual governo que, segundo ele, antes era favorável às investigações e agora passou a ser contra.

ESTRATÉGIAS DISTINTAS

Os 2 candidatos mais competitivos traçaram estratégias completamente diferentes nos últimos dias.

Com o mote de resgatar o protagonismo da Casa, a candidatura de Marinho busca dar sequência às ações de Bolsonaro e do presidente anterior, Michel Temer (MDB). Na avaliação dele, essas políticas foram responsáveis pela redução do desemprego, observada em 2022. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego encerrou o ano passado em 8,1% –menor taxa em 7 anos.

Marinho viajou a quase todos os Estados e visitou mais de 60 colegas. A prospecção ativa do senador durante os últimos dias foi vista como positiva. Parte dos colegas de Casa, porém, viu como negativo o movimento da militância virtual bolsonarista de atacar seus pares e cobrar o voto em Marinho de forma incisiva.

Pacheco entregou a articulação em prol da candidatura para o aliado Davi Alcolumbre (União-AP), o que causou desgaste com uma ala do Senado. Com perfil mais discreto, concentrou os esforços na continuidade dos arranjos políticos já acertados com seu grupo. A favor de Pacheco, pesa a cordialidade e a defesa das instituições democráticas.

ARTICULAÇÕES ÀS VÉSPERAS DA ELEIÇÃO

A poucos dias da eleição para a presidência do Senado, líderes de partidos que apoiam Pacheco se movimentam para sair por cima na barganha por cargos na Mesa Diretora e no comando das principais comissões se o mineiro for reeleito.

Com dificuldade para conciliar o apetite de PSD, União Brasil, MDB e PT, Pacheco intensificou a agenda de conversas em sua residência oficial. Em diversos casos, duas ou mais dessas legendas reivindicam o mesmo espaço na estrutura da Casa.

Os cargos mais cobiçados são a 1ª vice-presidência e a 1ª secretaria do Senado e as presidências da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e da CRE (Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional).

O acordo inicialmente coordenado por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) –o principal cabo eleitoral de Pacheco– manteria Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) na 1ª vice-presidência e alçaria Rogério Carvalho (PT-SE) à 1ª secretaria.

No entanto, a maioria dos senadores petistas reclama de Carvalho por ter costurado o acerto diretamente com os colegas da mesa diretora, sem consultar a bancada –que queria reivindicar a 1ª vice e indicar Humberto Costa (PT-PE) para o cargo.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) também pretendia disputar a 1ª vice. Sua provável migração para o PSD de Pacheco, contudo, deve demovê-la dessa postulação.

Ocupar a 1ª vice-presidência dá visibilidade. Quem detém o cargo assume a condução das sessões deliberativas quando o titular se ausenta do plenário e representa o Senado institucionalmente.

Já a 1ª secretaria é uma espécie de “prefeitura” do Senado, com palavra final sobre o orçamento e contratos da Casa e todas as nomeações para cargos comissionados. Esse poder administrativo pesa muito na influência interna de quem assume o posto.

Uma ala do PSD está insatisfeita com as articulações de Pacheco e Alcolumbre por considerar que, por ser o partido do próprio presidente do Senado (se reeleito) e aquele com a maior bancada, deveria receber cargos em maior quantidade e importância.

É nessa insatisfação que Marinho aposta para captar votos inicialmente direcionados a Pacheco. A eleição à presidência da Casa será realizada na quarta-feira (1º), logo depois da posse dos 27 senadores eleitos em 2022, marcada para às 15h.

Uma vez eleito o presidente do Senado no próximo biênio, os líderes das bancadas reúnem-se para anunciar a formação de blocos e, em uma negociação que envolve critérios políticos e de proporcionalidade partidária, distribuir os comandos de comissões. A escolha dos demais integrantes da mesa diretora ficará para a manhã de segunda-feira (2).

Fonte: Poder 360

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