O avião que ultrapassou a pista do aeroporto em Ubatuba e explodiu na praia nesta quinta-feira (9) utilizou menos pista do que tinha disponível. Essa pista já era considerada insuficiente para um pouso seguro daquele tipo de aeronave. Isso é o que revela em entrevista ao g1 Marcel Moure, CEO da Rede VOA, concessionária que administra o aeroporto.
O acidente provocou a morte do piloto, que chegou a passar por reanimação após ser retirado da aeronave. Uma família formada por um casal e duas crianças foi resgatada com vida e levada para o hospital. O homem, de 48 anos, e os filhos, de 6 e 4 anos, seguem em estado estável, mas a mulher, de 41 anos, estava em estado grave na manhã desta sexta-feira (10).
“Fomos surpreendidos. Aparentemente, pelas câmeras do nosso aeroporto, o ponto de toque da aeronave foi bem à frente daquela zebra [o ponto inicial]. Os [cerca de] 600 metros necessários [já] eram críticos para essa operação, disso não tenho dúvida. Muito crítico, e ficou menor ainda”, disse Marcel Moure.
O aeroporto de Ubatuba fica em frente à praia, com o mar à sua frente e a serra atrás. Na direção em que o avião pousou, a pista tem 560 metros disponíveis para pouso — embora tenha 940 metros de extensão. Além disso, o manual da aeronave, obtido pelo g1, aponta que, em pista molhada, o avião precisaria no mínimo de 838 metros para parar.
O CEO da concessionária, que administra o local desde 2017, também afirmou que é “muito raro” que um avião deste modelo, com motor a jato, pouse neste aeroporto. Segundo Moure, o aeroporto recebe essencialmente helicópteros e aeronaves turboélice.
“Não recordamos da última vez que pousou uma aeronave a jato naquele aeroporto. É raro, é muito raro”.
Diferença entre as aeronaves: as turboélices foram projetadas para operar em altitudes menores e em velocidade média de 500 km/h, enquanto as a jato voam mais alto e em velocidade de 800 km/h.
“A aeronave a jato tem maior velocidade também para pousar. Ela pousa com mais velocidade que uma turboélice”, explica Moure.
Fonte: g1