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No G20, Lula critica invasões de Gaza e da Ucrânia, ataca sanções unilaterais e diz que desigualdade leva ao ódio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da Cúpula do G20. Foto: Reprodução
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da Cúpula do G20. Foto: Reprodução

Em discurso na reunião de cúpula do G20 nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as invasões da Faixa de Gaza e da Ucrânia e atacou sanções unilaterais impostas a países. Ele não citou especificamente as sanções lideradas pelos Estados Unidos contra a Rússia.

Lula também disse que as desigualdades econômicas geradas, segundo ele, pelo neoliberalismo, causaram o ódio e às ameaças à democracia.

“Não é surpresa que a desigualdade fomente o ódio, extremismo e violência. Nem que a democracia esteja sobre ameaça. A globalização neoliberal fracassou. Em meio às crescentes turbulências, a comunidade internacional parece resignada a navegar sem rumo por disputadas hegemônicas. Permanecemos à deriva, como se arrastados por uma torrente que nos empurra para uma tragédia. Mas o confronto não é uma fatalidade. Negar isso é abrir mão de nossa responsabilidade”, afirmou Lula em meio a líderes das principais economias do mundo.

Em seguida, o presidente brasileiro abordou as guerras em curso no mundo. Lula condenou a invasão da Rússia ao território da Ucrânia e de Israel à Faixa de Gaza.

“Do Iraque à Ucrânia, da Bósnia à Gaza, consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada e nem toda vida tem o mesmo valor. Intervenções desastrosas subverteram a ordem no Afeganistão e na Líbia. A indiferença relegou o Sudão e o Haiti ao esquecimento. Sanções unilaterais produzem sofrimento a atingem os mais vulneráveis”, argumentou Lula.

Para o Brasil, que preside atualmente G20, o encontro deste ano deveria ter como foco as medidas de combate à fome no mundo, encampadas por Lula. Mas os líderes mundiais, principalmente os europeus, querem aproveitar o encontro para falar das investidas da Rússia contra a Ucrânia.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, que tem contra si um mandado de prisão internacional por crimes de guerra, não veio ao G20.

Ao criticar a invasão da Ucrânia, Lula desagrada Putin, parceiro do Brasil no âmbito do grupo dos Brics. A crítica à Israel, por outro lado, indispõe o Brasil com aquele país e com alguns dos defensores do governo israelense, como os Estados Unidos.

Alguns líderes presentes são o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden; o presidente chinês, Xi Jinping; o presidente da França, Emmanuel Macron; o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz; e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.

A fala sobre democracia também mostra um tema central para Lula e para muitos dos líderes do G20, que veem em seus países a ascensão de movimentos políticos extremistas e de inspirações autoritárias.

Reforma de organismos internacionais

Lula aproveitou a presença dos líderes para defender um pleito histórico de seu governo: a reforma de organismos internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU. Lula quer uma participação dos países emergentes e, principalmente, do Brasil.

“Este ano, a reforma da governança global entrou em definitivo da agenda do G20. Pela primeira vez, o grupo foi à ONU e aprovou com o endosso de outros 40 países um chamado à ação. Mas esse chamado é apenas um toque de despertar. A omissão do Conselho de Segurança tem sido ela própria uma ameaça à paz e à segurança internacional”, disse Lula.

Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e que têm, cada um, poder de veto sobre qualquer proposta são: Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra.

Aliança contra a fome

Mais cedo, Lula lançou no G20 a Aliança contra a Fome e a Pobreza.

Os planos centrais da aliança global contra a fome e a pobreza lançados no G20 são os seguintes:

  • Alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferências de renda e sistemas de proteção social em países de baixa e média baixa renda até 2030;
  • Expandir as merendas escolares de alta qualidade para mais 150 milhões de crianças em países com fome e pobreza infantil endêmica;
  • Iniciativas em saúde materna e primeira infância terão como objetivo alcançar outras 200 milhões de mulheres e crianças de 0 a 6 anos;
  • Programas de inclusão socioeconômica visam atingir 100 milhões de pessoas adicionais, com foco nas mulheres;
  • O BID e o Banco Mundial, inclusive por meio da AID, oferecerão bilhões em financiamento para que países implementem programas na cesta de políticas da Aliança Global.

Fonte: g1

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