A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) deve esperar o resultado final do inquérito que investiga acusações feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro para avaliar a candidatura do Brasil como membro da instituição. “É mais importante ter todas as informações do que tomar decisões apressadas”, disse o chefe do grupo antissuborno da OCDE, o esloveno Drago Kos, em entrevista ao Estado.
A agência Bloomberg revelou nesta semana que a candidatura do Brasil estava ameaçada após Moro acusar o presidente Jair Bolsonaro de interferir na Polícia Federal. Ao Estado, Kos afirmou que o Brasil já iria se reportar à OCDE em junho, quando esperava um aval do setor anticorrupção no sentido de que os critérios para aderir à OCDE nesta área eram cumpridos no País. Agora, no entanto, Kos imagina que a decisão poderá ficar para outubro. “Como as próximas gerações de policiais federais, procuradores e juízes no Brasil saberão que podem trabalhar contra a corrupção? E é com isso que nos preocupamos.”, afirma Kos.
Abaixo, os principais trechos da entrevista:
A saída de Moro pode ser um obstáculo para o Brasil ser aceito como membro da OCDE?
A renúncia de personalidades como o juiz Moro não acontece com muita frequência. Então esse é um motivo para preocupação. Quando algo assim acontece, a saída de um nome mundialmente reconhecido como alguém que combate a corrupção, todos ficam com medo das consequências. O que isso significará? Como as próximas gerações de policiais federais, procuradores e juízes no Brasil saberão que podem trabalhar contra a corrupção? E é com isso que nos preocupamos. Se virmos que eles poderão continuar a fazer seu trabalho como antes, então não será um grande problema.Vejo uma oportunidade para o Brasil provar que, mesmo sem Moro, o País é capaz e tem o desejo de lutar contra a corrupção. Não temos pressa. Nós vamos esperar para ver o que o Brasil tem a dizer em junho. Se não tivermos a informação completa, nós vamos esperar até outubro. Mas nós iremos esperar todas as informações necessárias antes de avaliar a entrada do Brasil na OCDE.
Fonte: Terra