Após imagens de estátuas caídas ao chão, na igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, viralizarem nas redes sociais, o pároco Valmir Cândido esclareceu nesta terça-feira (28) que se tratou de uma remoção feita a pedido da Paróquia por risco de acidentes, e não um caso de vandalismo. A obra é de autoria de Emanoel Câmara e foi pedida pelo Monsenhor Lucilo Machado, que foi reitor da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e faleceu em 2020. O artista considera que faltou atenção e respeito durante a remoção.
Sobre o processo de restauração, o pároco adianta que irá conversar com o artista mas não há previsão para a realização. “Vai depender da questão financeira, da permissão do Iphan, já que a igreja é patrimônio tombado. Não temos perspectiva de quando será feito, porém iremos seguir a normalidade da lei e do que manda o instituto. As estátuas já foram transferidas e agora estão armazenadas em um salão na frente da igreja”, conclui.
As seis imagens foram colocadas na calçada da igreja em julho de 2019. O artista responsável pela obra é o escultor Emanoel Câmara. “Eu achei que faltou responsabilidade durante a remoção; quando era necessário eu ia até o local para remover e mudar a posição das estátuas. Inclusive, falei para o Monsenhor que toda vez que precisasse eu iria. Temos que ter uma certa técnica para tirar do lugar, pois é uma escultura. Eu lamento muito, não é qualquer pessoa que pode puxar de qualquer jeito. Mas tudo bem, não vou culpar ninguém”, disse o artista.
Emanoel explica que o trabalho foi pedido pelo Monsenhor Lucilo Machado, com o intuito de homenagear os negros do Rosário. “Eu havia feito estátuas de um grupo de capoeira, mas não tinha intenção de oferecer à Igreja. Um dia, Monsenhor Lucilo veio me visitar e achou muito interessante, disse que queria transformar essas imagens em homenagem”.
Por apresentarem sinais de deterioração, as obras foram removidas devido ao comprometimento das estruturas. Em agosto, um acidente que não deixou feridos motivou a decisão do padre Cândido. Uma criança, que brincava no entorno da igreja, encostou em uma das estátuas que caiu em cima de outra. Ao serem colocadas no fundo da igreja, foi feito o registro que viralizou nas redes sociais, levantando a hipótese de vandalismo e preconceito racial. Algumas estátuas ficaram sem partes como dedos, cabeça e braço.
Inicialmente, a Arquidiocese não soube informar quem era o artista responsável visto que o Monsenhor Lucilo Machado, faleceu ano passado aos 91 anos, sem passar essa informação adiante. “Monsenhor Lucilo comissionou as imagens, mas morreu em setembro do ano passado. A confusão ocorreu porque ninguém sabia quem era o artista. Ele nunca me passou esse contato”, explica o padre responsável pela paróquia desde o início do ano.
A igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas as estátuas em questão não são. Segundo Cândido, também Vigário Episcopal da Arquidiocese de Natal, o Iphan realizou uma vistoria no local nesta terça-feira (28) onde foi confirmado que o órgão não tem jurisdição sobre a restauração das estátuas. Além disso, descobriu-se que as imagens sequer tinham autorização para estarem no local, pois para isso é necessário uma permissão do Iphan.
Fonte: Tribuna do Norte
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