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Um ano após acidente que matou família, falésias de Pipa seguem com sinalização ineficaz sobre riscos

Trecho isolado da falésia após acidente - Foto: Divulgação/MPF
Trecho isolado da falésia após acidente - Foto: Divulgação/MPF

Em 17 de novembro de 2020, uma parte da falésia de Pipa desabou e matou um casal e o filho de sete meses, que moravam no próprio município de Tibau do Sul, no litoral Norte potiguar, e curtiam uma folga em família na praia. A tragédia comoveu o país e acendeu o alerta sobre os perigos dessas formações.

Um ano depois do acidente, não houve nenhuma mudança efetiva no trecho e não há sinalização adequada. Os imóveis que foram interditados no topo das falésias após o acidente também continuam funcionando normalmente.

Na praia, na base das falésias, onde o casal sofreu o acidente, apenas algumas estacas tentam fazer um isolamento praticamente inexistente do trecho, que é identificado como área de risco por especialistas e autoridades.

Na segunda-feira passada (15), um novo acidente reacendeu as preocupações. Um turista de 19 anos caiu do alto de uma falésia, num trecho conhecido como “Chapadão”, durante um passeio de quadriciclo.

Ele teve fraturas no fêmur e na coluna, passou por cirurgias e tem estado de saúde estável. O local tem mais de 30 metros de altura. Em setembro de 2020, uma turista grávida e o namorado também haviam caído do trecho.

“Quem é aqui do local, tem ideia de até onde pode chegar. Mas quem é de fora, deveria ter uma sinalização, de poder chegar próximo até certo ponto, que é pra não acontecer esses acidentes”, disse a moradora Rafaele Bezerril.

Estudo avalia situação

Um estudo nas falésias de Pipa e Nísia Floresta tem sido feito por geógrafos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Ele foi encomendado após a tragédia no ano passado e deve ser concluído no fim deste mês de novembro, sendo entregue ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e ao Ministério Público Federal (MPF).

g1 teve acesso a parte do relatório técnico no mês passado e entre as proposições que vão ser feitas está uma transferência planejada das construções instaladas nas bordas, que foram identificadas como áreas de risco. Também foi sugerido o impedimento da chegada de carros e pessoas à beira das falésias

Segundo o coordenador dos estudos, o geógrafo Rodrigo Freitas, é importante que as pessoas passem a usar as falésias de forma consciente.

“É necessário que isso chame a atenção e todo mundo colabore e passe a usar as áreas de falésia de uma forma mais consciente, evitando o risco que são inerentes a esse tipo de paisagem. A paisagem só é bonita porque é dinâmica”, disse.

“O objetivo não é fazer com que essas áreas se tornem inviáveis para o uso, mas que esse uso seja feito de forma a evitar possíveis acidentes”.

O Ministério Público Federal também informou que acompanha ativamente a situação e a atuação dos órgãos responsáveis.

Segundo o órgão, a Prefeitura do Tibau do Sul e Idema/RN, com apoio do MDR, UFRN, Secretaria de Segurança do RN e Defesa Civil estadual, “têm adotado medidas preventivas e realizado estudos técnicos”.

O MPF informou ainda que “está em processo de contratação, pela Prefeitura do Tibau do Sul, a elaboração de laudo técnico de análise de 30 estabelecimentos localizados em zona de risco”.

Sinalização

De acordo com o assessor técnico da Secretaria de Meio Ambiente de Tibau do Sul, Matheus Tomaz, que também é coordenador da Defesa Civil do município, a prefeitura trabalha para colocar novas placas de sinalização nos trechos de risco.

“A sinalização é fundamental e efetivamente estamos reinserindo placas para informar a população do risco existente”, disse.

Segundo ele, o município vai atender as proposições finais que constarem no relatório técnico dos pesquisadores da UFRN.

“Vamos conseguir ter uma medida segura e efetiva assim que o estudo for protocolado junto ao governo municipal”, disse.

“O município também tramita um processo licitatório pra contratação de laudo específico para cerca de 28 edificações, que são adjacentes à área do acidente. Essa medida busca mitigar os riscos e propor soluções e readequações para construções que efetivamente precisem de intervenções”.

Sobre o trecho específico do Chapadão, que é ponto turístico utilizado com frequência para passeios de quadriciclo, ele diz que a prefeitura atua na criação de uma lei para o uso do local.

Segundo o Departamento de Trânsito do RN (Detran), quadriciclos não podem circular em falésias, somente em áreas fechadas ou privadas. Até o deslocamento para as áreas regulamentadas deve ser feito através de reboques ou semi-reboques.

Fonte: g1

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